O futuro chegou: o que fazer e como se preparar para os impactos da Reforma Tributária

Lucas Ribeiro

A Reforma Tributária está batendo à porta e já é hora de acordar para tantas mudanças que estão por vir. PIS e COFINS serão extintos em janeiro de 2027. Parece distante? Nem um pouco. O tempo voa, e muitas empresas já começaram a se preparar para garantir uma transição confortável, segura e sem surpresas. Vou contar aqui um pouco do que estamos conduzindo com algumas das maiores empresas do Brasil, que estão extremamente preocupadas e atuantes nas adaptações que a Reforma Tributária exige.


O maior impacto em praticamente todas as empresas que rodamos a
Calculadora da Reforma Tributária da ROIT, é de caixa. Portanto, é fundamental a preparação do capital de giro e tudo que está ao seu redor, para obter crédito com o menor custo possível. As mudanças tributárias alteram a composição dos preços de compras e vão exigir um desembolso maior de caixa nas aquisições. Antecipar essa necessidade e planejar com antecedência pode evitar surpresas desagradáveis. Além disso, considere a possibilidade de buscar novas linhas de crédito, ajustar as reservas financeiras e, principalmente, repensar o ciclo de conversão de caixa, ampliando o prazo de pagamento a fornecedores e reduzindo o prazo de recebimento com clientes.


Outra exigência crítica com a reforma tributária é conhecer e ajudar o seu fornecedor a se preparar para ter gestão. Fornecedores no Simples Nacional ou MEIs não vão gerar créditos de IBS e CBS. Isso significa que muitos desses fornecedores precisarão de um empurrão para se adaptarem. Eles vão precisar implementar uma cultura de gestão eficaz, adotar sistemas de ERP e colocar a contabilidade em dia. Sem essas mudanças, a falta de organização pode sair caro para todos, inclusive para a sua empresa. E o primeiro passo é sanear os cadastros e criar métodos para manter tudo atualizado e próximo ao fornecedor, o que é possível com um Portal do Fornecedor bem estruturado (recomendo a leitura do meu outro artigo sobre esse tema:
Melhores Práticas para a Implementação de um Portal do Fornecedor e os Benefícios para Gestão de Compras e Contas a Pagar.)


Outra etapa crucial é a revisão e renegociação de contratos e preços. Os contratos de longo prazo, em especial, sentirão os impactos da reforma. É importante garantir que os termos sejam atualizados para refletir as novas realidades tributárias. Revisar esses acordos pode parecer um trabalho chato, mas pense nisso como uma oportunidade para fortalecer relações comerciais e ajustar preços de maneira estratégica.


E não podemos nos esquecer dos sistemas de controle. Com a introdução do
split payment, as empresas terão que ajustar seus mecanismos de contabilização e conciliação de caixa e competência. Isso pode soar complicado, mas com a preparação adequada, sua empresa pode tornar esses processos mais eficientes e transparentes. É uma chance de modernizar e otimizar suas operações financeiras.


Adequar os preços de venda será um desafio adicional. Seu time comercial precisará estar bem preparado para explicar as mudanças aos clientes e ajustar as estratégias de venda conforme necessário. Treinamentos e workshops internos podem ser uma boa pedida para garantir que todos estejam na mesma página e prontos para lidar com as novas exigências.


A contagem regressiva para janeiro de 2027 já começou. Com tantas atividades críticas e trabalhosas pela frente, é essencial começar o quanto antes. Vamos encarar essa jornada como uma oportunidade de crescimento e inovação. A adaptação às novas regras é uma obrigação, que nos permite repensar e aprimorar processos.


A Reforma Tributária é uma realidade sem volta. Com a aprovação da Emenda Constitucional 132/2023, a reforma agora está inserida na Constituição Federal. Isso significa que os prazos e diretrizes estabelecidos não estão sujeitos a mudanças repentinas por meio de instruções normativas da Receita Federal. A certeza jurídica que isso traz é vital para as empresas planejarem suas adaptações.


O SERPRO já está à frente, trabalhando na atualização das obrigações acessórias, enquanto o BACEN está desenvolvendo o sistema de
split payment. Essas instituições estão se movendo rapidamente para garantir que tudo esteja pronto dentro do cronograma estabelecido. Isso demonstra a seriedade e a inevitabilidade das mudanças.


Quem decidir ignorar esses sinais claros e continuar acreditando que a reforma pode ser revertida ou adiada, corre um grande risco. A procrastinação pode resultar em custos elevados e noites complexas, tentando recuperar o tempo perdido. Esta é, sem dúvida, a maior transformação que o sistema tributário brasileiro já viu, e as empresas que se adaptarem cedo estarão melhor posicionadas para enfrentar o futuro com tranquilidade e segurança.


Tem empresa preocupada em saber a alíquota e acredita que depende dela para começar os preparativos. Mas com a simulação de três alíquotas diferentes, já é possível entender muito bem o tamanho dos impactos e se preparar para as mudanças. Embora as regulamentações e leis complementares ainda possam demorar para serem definidas, é importante lembrar que o prazo constitucional não será alterado. Isso significa que, quando essas regulamentações finalmente chegarem, haverá ainda menos tempo para conhecê-las, interpretá-las e aplicá-las. É como eu gosto de resumir nas palestras que tenho feito sobre a Reforma Tributária, com a representação do
iceberg:

Por isso, é fundamental agir agora naquilo que já conhecemos e sabemos como fazer. Analisar fornecedores, revisar contratos, ajustar sistemas de controle e preparar os times são passos que podem ser dados desde já, independentemente da alíquota final do IVA e suas regulamentações. Agir agora proporcionará uma vantagem competitiva e minimizará os riscos associados à incerteza e ao curto prazo de adaptação que teremos quando tudo entrar em vigor. 


Em resumo, esses são os 10 passos mais importantes a serem dados agora:

  1. Simulação de Impactos
  2. Faça os cálculos comparativos, utilizando o SPED de 2023, de todas as operações de entrada e saída, apurações, benefícios e incentivos fiscais, por item, por fornecedor, por cliente e por unidade de negócio, projetando os efeitos com a nova sistemática de IBS, CBS e do Imposto Seletivo. 
  3. Use a Calculadora da Reforma Tributária da ROIT para ajudar nessa missão.
  4. Análise e Apoio aos Fornecedores
  5. Identifique fornecedores que não gerarão créditos de IBS e CBS (aqueles no Simples Nacional ou MEI).
  6. Ofereça suporte para que esses fornecedores implementem sistemas de ERP e coloquem a contabilidade em dia.
  7. Revisão e Renegociação de Contratos e Preços de Compra
  8. Revise todos os contratos para ajustar aos novos cenários tributários.
  9. Renegocie preços e condições o quanto antes.
  10. Preparação dos Sistemas de Controle
  11. Busque atualizações do motor de cálculo tributário, para acomodar a nova contabilização e conciliação trazidas pelo split payment. Usando a solução Invoice-To-Pay da ROIT você estará preparado para essa grande mudança.
  12. Assegure que os mecanismos de conciliação de caixa e competência estejam em conformidade com as novas exigências.
  13. Adequação de Preços de Venda
  14. Ajuste os preços de venda para refletir as mudanças tributárias.
  15. Isso exige preparar o time comercial com treinamentos e workshops para explicar as alterações aos clientes e ajustar as estratégias de venda e o portfólio de produtos e serviços.
  16. Planejamento do Capital de Giro
  17. Prepare-se para uma maior necessidade de capital de giro devido ao aumento de desembolso de caixa nas aquisições.
  18. Considere novas linhas de crédito ou ajuste suas reservas financeiras para garantir que sua empresa tenha os recursos necessários em 2027.
  19. Plano de Ações Imediatas
  20. Comece a implementar as mudanças que já são conhecidas e viáveis.
  21. Não espere por todas as regulamentações; comece com o que já pode ser feito para ganhar tempo e minimizar riscos.
  22. Monitoramento e Ajustes
  23. Acompanhe de perto o desenvolvimento das regulamentações e leis complementares.
  24. Esteja pronto para ajustar rapidamente suas estratégias e operações conforme novas informações e regras sejam divulgadas.
  25. Capacitação Contínua
  26. Mantenha sua equipe informada e capacitada sobre as mudanças e exigências da reforma tributária. Isso não é apenas para o time fiscal e tributário. Inclua o time de contabilidade, contas a pagar, contas a receber, jurídico, compliance, compras, gestão de fornecedores, comercial, TI e CSC.
  27. Participe de seminários, workshops e busque ajuda especializada para garantir que sua empresa esteja sempre à frente.
  28. Novo Planejamento Tributário Completo
  29. Tudo que você desenhou e estudou nos últimos anos pode não valer mais nada em razão da Reforma Tributária. Considere fazer um planejamento tributário do zero, considerando as disposições da EC 132/2023 e do PLP 68/2024.


Para se preparar e sair na frente, entre em contato com os nossos especialistas e entenda como.


26 de novembro de 2025
O Lucro da Exploração é um incentivo fiscal estabelecido por legislação com mais de 40 anos de vigência, regido pelo Decreto Lei 1.598 e pela MP 2.199, aplicável a empresas que possuam projetos protocolizados e aprovados para instalação, ampliação, modernização ou diversificação na SUDAM ou SUDENE até dezembro de 2028. O incentivo principal concedido é a redução de 75% do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), incluindo adicionais não-restituíveis, por um período de 10 anos, para projetos enquadrados em setores prioritários. Para se qualificar, a Pessoa Jurídica deve apurar o Lucro Real e ter o empreendimento situado na área da SUDENE (ou SUDAM) com pleito aprovado e enquadramento em setores prioritários, conforme o Decreto 4.213/2002 e atos do CONDEL/SUDENE. O benefício do LEX gera um impacto imediato no caixa e possibilita a recuperação dos últimos 5 anos. No entanto, a complexidade da apuração do Lucro da Exploração, que deve ser baseada apenas nas atividades operacionais incentivadas, exige uma análise minuciosa que vai além da simples aplicação do percentual de redução. LEX e Lucro Real: as complexidades da base de cálculo A apuração do Lucro da Exploração se distingue do Lucro Real, pois visa isolar o resultado proveniente da atividade incentivada. Enquanto a lógica do Lucro Real é buscar a menor base para o menor débito, no cálculo do LEX, o objetivo é, muitas vezes, buscar a maior base possível para maximizar o benefício. O cálculo do LEX é feito a partir do lucro líquido do período-base, ajustado por adições e exclusões específicas. Essas adições e exclusões não são necessariamente as mesmas do Lucro Real, e a correta aplicação dos critérios pode gerar oportunidades significativas de incremento no benefício. A aplicação prática e a maximização desse benefício exige uma análise profunda e multifacetada, não se trata apenas de aplicar uma regra geral, mas de interpretar nuances da legislação e da operação da empresa que podem revelar créditos e oportunidades inéditas. A necessidade de análise proativa Empresas que se beneficiam do LEX são, em geral, grandes corporações que demandam uma análise cautelosa devido aos valores expressivos envolvidos. A adaptação das regras contábeis e fiscais para otimizar a apuração do LEX exige um planejamento estratégico e uma compreensão profunda das nuances legislativas e da jurisprudência . Garantir o compliance e, ao mesmo tempo, maximizar a redução de 75% do IRPJ demanda a aplicação de metodologias de cálculo que considerem as especificidades de cada incentivo (como o tratamento das subvenções e o recálculo do adicional). A capacidade de identificar e aplicar essas oportunidades interdependentes representa uma vantagem competitiva crucial.  Metaforicamente , lidar com a legislação do Lucro da Exploração e seus incentivos associados é como pilotar um navio em águas complexas: a rota principal (a redução de 75%) é conhecida, mas o verdadeiro valor e a eficiência da viagem residem em identificar e aproveitar as correntes marítimas e ventos favoráveis (as oportunidades diferenciadas) que exigem um know-how especializado para serem plenamente capitalizadas.

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26 de novembro de 2025
O Lucro da Exploração é um incentivo fiscal estabelecido por legislação com mais de 40 anos de vigência, regido pelo Decreto Lei 1.598 e pela MP 2.199, aplicável a empresas que possuam projetos protocolizados e aprovados para instalação, ampliação, modernização ou diversificação na SUDAM ou SUDENE até dezembro de 2028. O incentivo principal concedido é a redução de 75% do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), incluindo adicionais não-restituíveis, por um período de 10 anos, para projetos enquadrados em setores prioritários. Para se qualificar, a Pessoa Jurídica deve apurar o Lucro Real e ter o empreendimento situado na área da SUDENE (ou SUDAM) com pleito aprovado e enquadramento em setores prioritários, conforme o Decreto 4.213/2002 e atos do CONDEL/SUDENE. O benefício do LEX gera um impacto imediato no caixa e possibilita a recuperação dos últimos 5 anos. No entanto, a complexidade da apuração do Lucro da Exploração, que deve ser baseada apenas nas atividades operacionais incentivadas, exige uma análise minuciosa que vai além da simples aplicação do percentual de redução. LEX e Lucro Real: as complexidades da base de cálculo A apuração do Lucro da Exploração se distingue do Lucro Real, pois visa isolar o resultado proveniente da atividade incentivada. Enquanto a lógica do Lucro Real é buscar a menor base para o menor débito, no cálculo do LEX, o objetivo é, muitas vezes, buscar a maior base possível para maximizar o benefício. O cálculo do LEX é feito a partir do lucro líquido do período-base, ajustado por adições e exclusões específicas. Essas adições e exclusões não são necessariamente as mesmas do Lucro Real, e a correta aplicação dos critérios pode gerar oportunidades significativas de incremento no benefício. A aplicação prática e a maximização desse benefício exige uma análise profunda e multifacetada, não se trata apenas de aplicar uma regra geral, mas de interpretar nuances da legislação e da operação da empresa que podem revelar créditos e oportunidades inéditas. A necessidade de análise proativa Empresas que se beneficiam do LEX são, em geral, grandes corporações que demandam uma análise cautelosa devido aos valores expressivos envolvidos. A adaptação das regras contábeis e fiscais para otimizar a apuração do LEX exige um planejamento estratégico e uma compreensão profunda das nuances legislativas e da jurisprudência . Garantir o compliance e, ao mesmo tempo, maximizar a redução de 75% do IRPJ demanda a aplicação de metodologias de cálculo que considerem as especificidades de cada incentivo (como o tratamento das subvenções e o recálculo do adicional). A capacidade de identificar e aplicar essas oportunidades interdependentes representa uma vantagem competitiva crucial.  Metaforicamente , lidar com a legislação do Lucro da Exploração e seus incentivos associados é como pilotar um navio em águas complexas: a rota principal (a redução de 75%) é conhecida, mas o verdadeiro valor e a eficiência da viagem residem em identificar e aproveitar as correntes marítimas e ventos favoráveis (as oportunidades diferenciadas) que exigem um know-how especializado para serem plenamente capitalizadas.
4 de setembro de 2025
Cenário Salvo Automático
Por Stephani Laleska 15 de maio de 2025
Está disponível também, dentro dos módulos "Calculadora da Reforma - Entradas" e "Calculadora da Reforma - Saídas" nos resumos "Entradas - Detalhado" e "Saídas - Detalhado", os relatórios com a informação do CNPJ do estabelecimento da empresa e CNPJ/CPF do participante:
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