Reforma tributária: agronegócio apresenta demandas e relator reconhece: 'não vamos ter unanimidade'

Os debates sobre a reforma tributária recomeçaram nesta terça-feira na Câmara dos Deputados com parlamentares buscando solução para um dos nós que travam a proposta: a resistência do agronegócio.


O relator da proposta de emenda à Constituição (PEC) 45, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), participou de evento promovido pela Frente Parlamentar do Agronegócio para apresentar as demandas do setor. Ribeiro reconheceu que não haverá unanimidades em torno do texto, mas disse que vão construir a maioria com a nova rodada de discussões.


O presidente da FPA, Pedro Lupion (PP-PR), disse que as demandas do setor não foram incluídas em nenhum relatório, e que, embora reconheça a necessidade de mudanças no sistema tributário, não pode admitir que o setor tenha sua carga de impostos elevada.


― O agro tem de ser tratado de forma técnica, e não ideológica. Teremos muitas discordâncias, e temos de partir do princípio que nós vamos perder (em muitos pontos). Mas como vamos ganhar, e em que áreas? ― pontuou.


Entre os pontos demandados pelo agro estão a criação de alíquotas diferenciadas, a oneração da cesta básica e instituição de um mecanismo de devolução tributária para os mais pobres e a manutenção do crédito presumido como forma de apuração tributária, principalmente para pequenos produtores.


―Nossa presença é para dizer que estamos atentos e abertos, não só eu, mas todos os membros do grupo de trabalho, para colher essas preocupações, como a questão das alíquotas. Vamos ouvir o governo para saber o que está pensando sobre o cashback e reoneração da cesta básica para devolver o recurso para quem é de baixa renda. Mas preocupações como Zona Franca de Manaus, Fundo de Desenvolvimento Regional, todos esses temas serão levados em consideração.


'Não vamos ter unanimidade'


Ribeiro defendeu que a reforma tributária só vai sair se houve harmonia e unidade no trabalho legislativo entre Câmara e Senado e que é fundamental o apoio do Executivo. Para ele, o fato de o governo ter destacado essa reforma sobre os impostos do consumo como prioridade é um ponto positivo, já que há arestas que precisam ser aparadas.


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― Nós não vamos ter unanimidade no âmbito federativo, vai sempre haver disputa. E não vamos ter unanimidade no campo setorial, mas precisamos construir uma reforma que represente um sistema que o país ganhe ― afirmou Ribeiro a outros parlamentares durante o evento da FPA.


O debate sobre o mérito do texto será aprofundado com as reuniões do grupo de trabalho, que vai definir hoje o cronograma de atividades. As demandas do agronegócio são uma dessas pontas que precisam de ajuste e que já foram apresentadas.


Desatar nós exige articulação política


Como o GLOBO já mostrou, há uma série de obstáculos que impedem a reforma tributária de sair do papel. Os principais são a perspectiva de elevação da carga tributária para alguns setores, como os de serviços e o agronegócio, a manutenção de incentivos fiscais ligados a setores e regiões e formas de compensar estados e municípios pelos efeitos da principal mudança em discussão: a unificação de cinco tributos em um só imposto sobre valor agregado (IVA).


Ele seria composto pelos tributos federais PIS, Cofins e Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), pelo estadual Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e pelo municipal Imposto sobre Serviços (ISS).


Desatar esses nós vai exigir articulação política, mas conversas já estão em curso. Nos bastidores, parlamentares iniciaram negociações com os grupos mais insatisfeitos para tentar neutralizar resistências à emenda constitucional, cuja aprovação demanda três quintos dos votos nas duas Casas.


Fonte: O Globo, 28/02/2023.

26 de novembro de 2025
O Lucro da Exploração é um incentivo fiscal estabelecido por legislação com mais de 40 anos de vigência, regido pelo Decreto Lei 1.598 e pela MP 2.199, aplicável a empresas que possuam projetos protocolizados e aprovados para instalação, ampliação, modernização ou diversificação na SUDAM ou SUDENE até dezembro de 2028. O incentivo principal concedido é a redução de 75% do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), incluindo adicionais não-restituíveis, por um período de 10 anos, para projetos enquadrados em setores prioritários. Para se qualificar, a Pessoa Jurídica deve apurar o Lucro Real e ter o empreendimento situado na área da SUDENE (ou SUDAM) com pleito aprovado e enquadramento em setores prioritários, conforme o Decreto 4.213/2002 e atos do CONDEL/SUDENE. O benefício do LEX gera um impacto imediato no caixa e possibilita a recuperação dos últimos 5 anos. No entanto, a complexidade da apuração do Lucro da Exploração, que deve ser baseada apenas nas atividades operacionais incentivadas, exige uma análise minuciosa que vai além da simples aplicação do percentual de redução. LEX e Lucro Real: as complexidades da base de cálculo A apuração do Lucro da Exploração se distingue do Lucro Real, pois visa isolar o resultado proveniente da atividade incentivada. Enquanto a lógica do Lucro Real é buscar a menor base para o menor débito, no cálculo do LEX, o objetivo é, muitas vezes, buscar a maior base possível para maximizar o benefício. O cálculo do LEX é feito a partir do lucro líquido do período-base, ajustado por adições e exclusões específicas. Essas adições e exclusões não são necessariamente as mesmas do Lucro Real, e a correta aplicação dos critérios pode gerar oportunidades significativas de incremento no benefício. A aplicação prática e a maximização desse benefício exige uma análise profunda e multifacetada, não se trata apenas de aplicar uma regra geral, mas de interpretar nuances da legislação e da operação da empresa que podem revelar créditos e oportunidades inéditas. A necessidade de análise proativa Empresas que se beneficiam do LEX são, em geral, grandes corporações que demandam uma análise cautelosa devido aos valores expressivos envolvidos. A adaptação das regras contábeis e fiscais para otimizar a apuração do LEX exige um planejamento estratégico e uma compreensão profunda das nuances legislativas e da jurisprudência . Garantir o compliance e, ao mesmo tempo, maximizar a redução de 75% do IRPJ demanda a aplicação de metodologias de cálculo que considerem as especificidades de cada incentivo (como o tratamento das subvenções e o recálculo do adicional). A capacidade de identificar e aplicar essas oportunidades interdependentes representa uma vantagem competitiva crucial.  Metaforicamente , lidar com a legislação do Lucro da Exploração e seus incentivos associados é como pilotar um navio em águas complexas: a rota principal (a redução de 75%) é conhecida, mas o verdadeiro valor e a eficiência da viagem residem em identificar e aproveitar as correntes marítimas e ventos favoráveis (as oportunidades diferenciadas) que exigem um know-how especializado para serem plenamente capitalizadas.

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4 de setembro de 2025
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Está disponível também, dentro dos módulos "Calculadora da Reforma - Entradas" e "Calculadora da Reforma - Saídas" nos resumos "Entradas - Detalhado" e "Saídas - Detalhado", os relatórios com a informação do CNPJ do estabelecimento da empresa e CNPJ/CPF do participante:
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