Setor Elétrico: complexidade tributária no Brasil faz impostos representarem quase 50% dos custos de operação das empresas

Malu Wozniack

Segundo a PwC e o Instituto Acende Brasil, os impostos do setor elétrico chegam a representar quase 50% da operação, com cifras milionárias para cada empresa, o que reflete diretamente no preço final da energia para os consumidores e até nos índices inflacionários do mercado.


Isso se dá pela composição desse ecossistema. Primeiramente, a energia parte das usinas geradoras, sendo a maior parte proveniente das hidrelétricas (70%), termelétricas (14%), energia eólica (8%) e solar (1,6%). Nas cidades – que nem sempre são próximas à origem da geração –, a energia chega em subestações de distribuição, percorrendo a fiação aérea ou subterrânea, sendo levada, por fim, até ruas, indústrias e residências.


Especificamente no Brasil, o setor é, por um lado, uma das principais alavancas para a retomada da economia pós-pandemia de Covid-19 (devido à sua infraestrutura, que atrai investimentos dentro e fora do País, movimentando mais de R$ 400 bilhões por ano, segundo dados do Ministério de Minas e Energia), por outro, é muito complexo, à medida que cada uma das concessionárias (e todo o ecossistema que as compõe) atende diversos municípios, muitas vezes, em diferentes estados – com sistemas de tributos e alíquotas específicos.


Cenários

Por exemplo: a Energisa tem 7,7 milhões de clientes em 862 municípios nas cinco regiões do Brasil, o que significa que ela leva eletricidade a cerca de 20 milhões de pessoas, o equivalente a 10% da população brasileira. Isso quer dizer que, para cada estado, há um cenário tributário diferente, principalmente por causa do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).


Segundo Lucas Ribeiro, CEO da ROIT, accountech especializada em tributação para grandes empresas, utilizando Inteligência Artificial e robotização, a complexidade do sistema não para por aí. Há outras taxas e contribuições que incidem nos valores da geração, transmissão e distribuição de energia, como alíquotas variáveis de insumos (exemplo: carvão mineral para a termelétrica, em que há um incremento de preço por causa dos combustíveis utilizados para as térmicas entrarem em operação nas crises hídricas). Tudo isso influencia os custos e os preços da energia e, consequentemente, o gerenciamento de todos esses ativos.


O especialista conta que, atualmente, a tecnologia vem auxiliando as empresas do segmento a realizar a gestão de todos esses processos, contribuindo para uma maior eficiência e melhores resultados. Um exemplo prático disso é a substituição de atividades manuais com até 98% de acuracidade. “A IA [Inteligência Artificial] da ROIT foi treinada para interpretar 32 tipos de documentos de entrada (compras), além de já ter classificado e extraído mais de 12 milhões de documentos com OCR (Optical Character Recognition – Reconhecimento Ótico de Caracteres) e NLP (Natural Language Processing)”, conta o CEO acerca da tecnologia que desenvolve para as áreas tributárias, fiscais e financeiras das empresas.


O que essa tecnologia pode proporcionar ao setor elétrico brasileiro?

A tecnologia ainda possibilita, muitas vezes, a diminuição da carga fiscal, como explica Ribeiro. “A legislação tributária não está 100% preparada para disciplinar essa atividade. Em razão disso, surgem diversas oportunidades que podem minimizar a carga tributária do setor, como incentivos à pesquisa e desenvolvimento e ao tratamento das despesas regulatórias. Tudo isso os robôs analisam e trazem pronto como sugestão de aplicação”.


De acordo com Ribeiro, tudo parte de uma análise pormenorizada em que as tecnologias não só facilitam este trabalho, mas são essenciais. “São cerca de 2,1 bilhões de cenários fiscais possíveis no Brasil; é humanamente inviável e muito demorado para estudar e criticar cada um deles. Contudo, nossos robôs realizam automaticamente esta análise e, em questão de segundos, entregam o melhor caminho a ser percorrido fiscalmente, além de identificar eventuais erros de pagamentos feitos a maior ou a menor no passado”.


O uso das tecnologias como a da ROIT, de Hiperautomação, também tornam as ações preditivas, pois é possível ter respostas rápidas e prever alguns cenários a curto, médio e longo prazo, tendo, assim, uma bússola que apontará as melhores soluções no que diz respeito ao impacto contábil e fiscal das inúmeras normas brasileiras.


Baseado na previsão de que a Inteligência Artificial, até 2030, contribuirá em mais de US$ 15,7 trilhões para a economia global, solucionando problemas complexos que até hoje só foram possíveis com inteligência humana ou ainda nem foram solucionados, Lucas enfatiza que há, ainda, em toda esta gama de soluções inovadoras, ferramentas que permitem apuração, geração e pagamento automático de guias de tributos, entregas automáticas de obrigações acessórias, conciliações em tempo real com IA e muito mais. “Por fim, automatizar trabalhos, em especial para o setor de energia, é sinônimo de escalabilidade, agilidade, redução de custos nos processos e, ao mesmo tempo, diminuição da possibilidade de erros e não conformidades”, conclui Ribeiro.



Fonte: https://clickpetroleoegas.com.br/setor-eletrico-complexidade-tributaria-no-brasil-faz-impostos-representarem-quase-50-dos-custos-de-operacao-das-empresas/


26 de novembro de 2025
O Lucro da Exploração é um incentivo fiscal estabelecido por legislação com mais de 40 anos de vigência, regido pelo Decreto Lei 1.598 e pela MP 2.199, aplicável a empresas que possuam projetos protocolizados e aprovados para instalação, ampliação, modernização ou diversificação na SUDAM ou SUDENE até dezembro de 2028. O incentivo principal concedido é a redução de 75% do Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), incluindo adicionais não-restituíveis, por um período de 10 anos, para projetos enquadrados em setores prioritários. Para se qualificar, a Pessoa Jurídica deve apurar o Lucro Real e ter o empreendimento situado na área da SUDENE (ou SUDAM) com pleito aprovado e enquadramento em setores prioritários, conforme o Decreto 4.213/2002 e atos do CONDEL/SUDENE. O benefício do LEX gera um impacto imediato no caixa e possibilita a recuperação dos últimos 5 anos. No entanto, a complexidade da apuração do Lucro da Exploração, que deve ser baseada apenas nas atividades operacionais incentivadas, exige uma análise minuciosa que vai além da simples aplicação do percentual de redução. LEX e Lucro Real: as complexidades da base de cálculo A apuração do Lucro da Exploração se distingue do Lucro Real, pois visa isolar o resultado proveniente da atividade incentivada. Enquanto a lógica do Lucro Real é buscar a menor base para o menor débito, no cálculo do LEX, o objetivo é, muitas vezes, buscar a maior base possível para maximizar o benefício. O cálculo do LEX é feito a partir do lucro líquido do período-base, ajustado por adições e exclusões específicas. Essas adições e exclusões não são necessariamente as mesmas do Lucro Real, e a correta aplicação dos critérios pode gerar oportunidades significativas de incremento no benefício. A aplicação prática e a maximização desse benefício exige uma análise profunda e multifacetada, não se trata apenas de aplicar uma regra geral, mas de interpretar nuances da legislação e da operação da empresa que podem revelar créditos e oportunidades inéditas. A necessidade de análise proativa Empresas que se beneficiam do LEX são, em geral, grandes corporações que demandam uma análise cautelosa devido aos valores expressivos envolvidos. A adaptação das regras contábeis e fiscais para otimizar a apuração do LEX exige um planejamento estratégico e uma compreensão profunda das nuances legislativas e da jurisprudência . Garantir o compliance e, ao mesmo tempo, maximizar a redução de 75% do IRPJ demanda a aplicação de metodologias de cálculo que considerem as especificidades de cada incentivo (como o tratamento das subvenções e o recálculo do adicional). A capacidade de identificar e aplicar essas oportunidades interdependentes representa uma vantagem competitiva crucial.  Metaforicamente , lidar com a legislação do Lucro da Exploração e seus incentivos associados é como pilotar um navio em águas complexas: a rota principal (a redução de 75%) é conhecida, mas o verdadeiro valor e a eficiência da viagem residem em identificar e aproveitar as correntes marítimas e ventos favoráveis (as oportunidades diferenciadas) que exigem um know-how especializado para serem plenamente capitalizadas.

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4 de setembro de 2025
Cenário Salvo Automático
Por Stephani Laleska 15 de maio de 2025
Está disponível também, dentro dos módulos "Calculadora da Reforma - Entradas" e "Calculadora da Reforma - Saídas" nos resumos "Entradas - Detalhado" e "Saídas - Detalhado", os relatórios com a informação do CNPJ do estabelecimento da empresa e CNPJ/CPF do participante:
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